terça-feira, 30 de setembro de 2008

Imã de maluco?

Estou pensando seriamente em ir me tratar com um psicólogo. Posso não ser, mas me acho normal. A questão do "o que é normal" é uma discussão longa e chata. Então resumindo: se uma sociedade aceita/tolera certas coisas, essas coisas podem ser consideradas normais. Uma pessoa que faz coisas toleráveis é uma pessoa normal. Então, eu sendo uma pessoa normal, queria saber de uma vez por todas por quê as pessoas que falam sozinhas, que brigam com o cobrador de ônibus, que falam sobre o que passou no jornal de ontem, que têm alucinações, que possuem dificuldade de comunicação, as surdas, as mudas, as cegas, os pastores, os vendedores de jujuba, os palhaços da alegria, os cheira cola, as pessoas assaltadas, as nervosas, as calmas, as revoltadas, as especiais, as dementes e principalmente as malucas vêm conversar comigo? Estou sentado no ponto esperando o busão com meus fones de ouvido e sem escutar o que vem do mundo exterior. Várias pessoas no ponto também esperando o ônibus e um cara atravessa a rua de lá pra cá. Chapéu de feltro, camisa de botão, calça de tecido (já deu pra notar que o cara é do interior?) ele carrega uma mala de couro, daquelas de filmes dos anos 70. Passa por todo mundo no ponto, chega do meu lado e sem mais nem menos olha pra mim e fala alguma coisa.
- Falou comigo? E tiro os fones do ouvido
- Eu disse que vou embora!
Mesmo sem entender direito perguntei né! Pra onde?
- Vou voltar pra minha terra rapaz! Um diabo de mulé desse num tem quem agüente não. Onde já se viu o cidadão trabalhar dia e noite, dia e noite e no fim de semana não poder nem tomar uma cachaça! Né não?
- É - disse eu.
- Por isso eu num fico mais aqui. Que se dane tudo! Vai ficar tudinho aí.
- Tudinho quem?
- Mulé, fii, neto... Vô mimbora
- Home num vá não, como é que esse povo vai se virar?
- E eu quero lá sabê! Se dane! Se eu der uns tapa nela eu vô preso. Então é melhor dexar essa desgramada aí.
- ...
- ói o oinbu aí, vai não nesse? Bora simbora.
- Não, vou pegar outro!
O sujeito pega na minha mão, bate no meu ombro e diz:
- Até mais nunca meu garoto.
- Até.
E pega o onibus que eu ia pegar. Tomara que ele volte.
Sempre que eu saio de casa, alguma coisa desse tipo acontece. Eu queria saber se eu sou um imã de maluco.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Não era pra ser hoje

Tentei escrever alguma coisa neste blog. Escrevi e apaguei dois textos. Não era pra ser hoje.