sábado, 26 de setembro de 2009

Memoria de merda

Minha memoria é uma porcaria. Nao lembro do nome das pessoas, nao lembro das datas de aniversario, nao lembro de coisas que aconteceram há muito tempo e por aí vai. Às vezes as pessoas perguntam: Lembra daquele dia que aconteceu isso e aquilo? Geralmente minha resposta é: Nao, nao lembro. Meu amigo Milton está tao acostumado com minha falta de memoria que quando vai perguntar se eu lembro de algum fato ele dá tantos detalhes que é impossível nao lembrar. Maxmilla lembra de um domingo que a gente nao tinha o que fazer, pegou o violao, foi pra praça, começamos a tocar e cantar musicas, chegou uma menina perguntando onde tinha um depósito de bebidas, a gente acompanhou ela até o depósito, compramos cerveja com ela, e ela nos convidou pra o churrasco que estava fazendo, e tu ficou fazendo caipirosca e eu fiquei cuidando das carnes, depois chegou um monte de gente com mais um monte de cerveja e a gente ficou bebendo até a cerveja terminar e saímos antes de começar a vaquinha pra comprar mais cerveja porque nao tinhamos dinheiro? Sim, sim Milton lembro, por quê? A menina me ligou convidando a gente pra outro churrasco vamo?
Mesmo com uma memória tao ruim, lembrei de um dia. Estava na quinta série. Numa aula de história. Professora Clovilma. (eu achava ela linda) Depois do recreio. Na minha frente estava o Washington, do lado esquerdo estava o Rômulo. Na frente dele estava o Clives. Acho que atrás de mim estava o Robson e do meu lado direito estava a Elaine. A professora estava falando sobre sonhores feudais e eu senti uma vontade incontrolável de peidar.
Segurei.
Transpirei.
Tremi.
Soltei.
Peidei.
Me caguei.
Pedi a professora pra ir no banheiro com medo de que ela nao deixasse, pois a gente tinha acabado de voltar do recreio. Mesmo se ela nao deixasse eu ia sair sem a permissao dela. Eu tava cagado! Chegando no banheiro fedendo e suado por segurar outro peido ou mais provavelmente outra cagada, baixei as calças e quase derrubo o barro fora do vaso. Pra falar a verdade era um barro depois da chuva. Eu tava cagando ralo! Depois de "mijar"decobri que nao tinha papel na porra do banheiro. Como a cueca já tava cagada...
Em vez de voltar pra sala, tomei uma decisao muito sábia. Fui na coordenadora, a Nenem, e pedi pra ir pra casa dizendo que me sentia mal. Nao entendi por que ela deixou tao fácil e tao rápido. Fui na sala, peguei minha mochila e disse: Professora, tenho que ir. Eu nao sabia se a sala estava fedendo a merda ou se o cheiro estava impregnado em meu nariz. Mas quando eu estava saindo e ouvi alguns comentários do Washington dizendo: Oxe que fedor do caralho é esse? Notei que minha calça estava melada. (Fazia tempo que nao "escutava"  essa palavra: melada!)
Sabendo que estava melado de merda, todos os olhares dirigidos a mim eram acusadores. Por sorte o onibus que eu esperava, Henrique Equelman, passou rápido. Me sentei no fundo. Parecia que todos estavam sentindo o cheiro de merda. A viagem demorou uma eternidade. Tive outra vontade de "peidar". Segurei. Tremi. Senti dores. Um desespero. Quando nao tinha ninguem perto de mim nao pude mais segurar. Dei outra cagadinha nas calças. Agora estava sem cueca e sem nenhuma dignidade. Sabe quando vc vê uma pessoa andando devagar e com as pernas abertas e vc diz "brincando" que parece que ela está cagada? Foi exatamente assim que eu desci do onibus e caminhei até minha casa. O cu sabe quando está chegando perto de casa. Corri para evitar outro "acidente". A porta estava fechada. A chave estava na casa da vizinha. Minhas pernas nao se moviam. Parei, respirei e fui. Peguei a chave, abri a porta deseperadamente e corri pro banheiro. Me caguei baixando o ziper da calça. Foi terrivel. Acho que isso aconteceu por uma feijoada estragada que tinha comido um ou dois dias antes. Pensando sobre esse episódio acho que foi daí que desenvolvi uma certa paranoia com comida estragada. Se nao gosto da "cara" da comida ou sinto um cheiro estranho eu nao como nem ferrando. Mas hoje, de ressaca, morrendo de fome. Comi uma comida meio sinistra. Vamo ver o que acontece amanha...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Banana nao tem caroço mas tem o filamento grosso, que dificulta a mastigaçao.

Ouvi essa frase várias vezes aqui no Uruguai. Ouvi em português e é muito engraçado a galera tentando falar português. Eles nao conseguem fazer o som anazalado de farinha, banana e menininha (as palavras favoritas deles) comecei a buscar um significado pra essa frase que parece ter um sentido profundo e que desperta na nossa imaginaçao algo de sexual. Mas essa porcaria nao tem significado nenhum, server pra quando uma pessoa é praticamente obrigado a dizer alguma coisa, sabe numa conversa, onde todos estao emitindo suas opinioes sobre alguma coisa e chega sua vez? tipo: as pessoas estao discutindo politica e chegam a uma mesma conclusao ou num ponto onde nao tem mais o que dizer, aí alguém diz isso: banana nao tem caroço mas tem o filamento grosso, que dificulta a mastigaçao. E tem que ser dito em português e como se fosse uma frase de um velho sabio chinês. Mas que no fim das contas nao tem significado nenhum. Acaba sendo engraçado, mas é meio dificil traduzir em poucas palavras os costumes desse povo daqui.