quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Beber, Comer, Cagar.



Estou em La Paz. Nao em la paz de jah, em La Paz de Bolivia. Nao, La Paz nao é a capital de Bolivia como todo mundo pensa (eu tb pensava), La Paz é só onde está o governo. Nessa minha viagem sem planejamento prévio, de repente me vi sem dinheiro. O Chile é caro pra cacete e passar uns dias no deserto é mais ainda. Entao corri para um dos paises mais baratos da america latina pra tentar prolongar a vida dos meus ultimos centavos. O pais mais barato da america latina só é o mais barato por que também é o mais pobre. Nos primeiros dias eu me senti muito triste por conhecer um país onde milhares de crianças trabalham nas ruas e me senti um pouco deprimido. Mas fui conhecendo mais o sistema economico de Bolivia e nao adiantou de nada. Continuei triste. Entao como sempre faço (e acho que todo mundo faz igual) resolvi ver o lado bom do país. Comecei a ver a cultura e a maneira de ser das pessoas daqui. A principio vejo como um povo muito timido, muito calado, mas depois que se tornam amigos sao verdadeiros bons amigos. Passeando pelas ruas observo a maneira de vestir das mulheres. As roupas coloridas, o chapeuzinho na cabeça e a sempre presente manta que serve tanto para levar compras ou meradorias como um bebê ou uma criança. Comprei uma dessas mantas pra minha nova prima, tenho que mandar por correio o mais rápido possível. Observando os grupos folclóricos de La Paz comecei a lembrar dos grupos folclóricos de Alagoas. Dessa vez a saudade bateu forte. Um aperto forte no peito, um nó na garganta e uma lágrima na bochecha. Sinto falta da cultura nordestina. As cores, as musicas as comidas...
Falando em comida, esse texto é fruto de várias idas ao banheiro.
A comida de Bolivia me faz ir pelo menos 3 vezes ao dia. Nao consigo saber o que é que tem essa comida que me leva tanto ao banheiro.
Uma semana em La Paz e consegui um trampo no Bar do hostel. Assim nao preciso pagar pelo alojamento nem pelas cervejas que tomo. Isso é tudo o que eu tenho feito em La Paz, beber, comer e cagar.
Sim tô fazendo uma referência ao livro mais de mulherzinha que eu já lí (ainda estou lendo) Comer, Rezar, Amar. Como estou indo muito ao banheiro eu só leio o livro lá. É meu livro de bosta, já que eu nao tenho cabeceira. A mulher nao faz nada além de contar com excesso de palavras o que aconteceu com ela. Assim é fácil escrever um livro. O que ela faz é mais ou menos isso:

Para chegar ao Caminho da Morte Subimos uma montanha de 4.700m entao lá em cima sentamos a bunda numa bicicleta e vamos descendo. No principio estava tudo beleza, pois estavamos no asfalto. Descidas e curvas em alta velocidade e pura adrenalina. Confesso que me caguei de medo em algumas curvas mais fechadas e quando vinham caminhoes em direçao contraria. Depois de uns 20 Km de asfalto chegamos finalmente na antiga rota de viajem que era feita por caminhoes e onibus. É uma pequena estrada de areia e pedras que gira entorno de uma montanha. Do lado direito está a montanha, uma parede de pedra interminável, daí vem a "pista" que tem mais ou menos uns 5 ou 6 metros de largura e do lado esquerdo um precipicio mortal. A rota deixou de ser utilizada pelo varios onibus e caminhoes que caiam lá em baixo e passou a ser usada como uma rota de bike riders radicais e depois virou uma rota de turismo radical. 33 pessoas morreram descendo o caminho da morte. Enfim, começamos a descida acompanhando o guia mas as curvas suntuosas e estreitas fazem vc ir mais devagar que o guia. A ladeira é gigante e
as curvas muito fechadas, se vc fizer muito perto da parede vc corre o risco de meter a cabeça na rocha, se fizer muito do outro lado, corre o risco de passar direto pra uma caida divertida e mortal. Acontece que vc vai perdendo o medo e querendo acompanhar o grupo, entao sua descida vai ficando cada vez mais rapida e mais perigosa até que vc se depara com uma curva que vc sabe que nao vai conseguir fazer e se joga da bicicleta se ralando todo, mas salvando a vida.
O mais impressionante de tudo é a vista, o problema é que a velocidade é tanta que vc nao pode virar a cabeça pra apreciar, precisa se concentrar no caminho ou dá de cara na rocha, ou aprende a voar...
Felizmente consegui fazer todo o caminho da morte acompanhando o guia e outro maluco que ia bem pertinho do guia, eu ia um pouco mais atras e outro cara um pouco mais atras de mim. Quando eu caí ele me ajudou a levantar e tal. Quando o maluco que acompanhava o guia caiu (e caiu feio, ferrou o ombro e ralou um pouco as costas) nós que estavamos atras ajudamos ele. No final tomamos umas brejas e voltamos felizes e cansados de tanta tensao. Foi muito legal.