Quando o pai e a mãe de Amanda chegaram ela já tinha ido dormir. Ela não queria estar acordada quando a mãe dela chegasse segurando seu irmãozinho nos braços. Vanessa estava grávida de 8 meses e meio de um menino que com certeza iria tomar toda a atenção da mãe. Se perguntava se não estaria sendo egoísta querendo a mãe só pra ela, mas era só o que ela tinha. Desde de que seus pais descobriram que ela tinha um sério problema de audição, Amanda percebeu um forte afastamento por parte do pai. Marcos queria um menino; primeira decepção. "O que importa é que ela tem saúde" ele disse; segunda decepção. Ele também não conseguia se comunicar com ela por meio de gestos, de nenhum tipo. Por mais que tentasse e se esforçasse ele não conseguia; terceira decepção. Marcos só começou a se comunicar com a filha sem a ajuda da esposa quando ela aprendeu a ler. Amanda achava que o pai não a amava e depositou todo seu afeto na mãe, sua melhor amiga, sua melhor companheira, a pessoa que quase não precisava fazer gestos e Amanda sabia perfeitamente o que Vanessa queria dizer. Apesar de não estar morrendo de amores pelo novo membro da família, acordou e correu para ver o irmão e a mãe. Ela queria estar errada sobre sua mãe dar mais atenção à ele do que à ela. Também queria saber se o irmão, assim como ela, teria problemas de audição ou não. Mas não sabia ao certo sobre o que ela mais queria. Se conservar o amor e atenção da mãe, ter um irmão para brincar ou que o irmão também fosse surdo conseguindo assim, fazer com que o pai gostasse um pouco mais dela. Levantou da cama, balançou a cabeça pra parar de pensar nessas coisas e correu em direção ao quarto dos pais.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Capitulo dois
Seria bom que a dificuldade na escola, sua deficiência auditiva e seus fracassos nas paqueras fossem seus maiores problemas. Amanda tinha uma vida "normal" assim como todas as outras pessoas, se é que você pode considerar uma pessoa surda-muda normal. Mas havia uma coisa que estava ocupando os pensamentos dela. Na verdade estava deixando-a muito preocupada. Ela imaginava que conseguiria lidar com qualquer coisa neste mundo, afinal ela se tornou uma pessoa bastante forte justamente devido à sua surdez e o que estava por vir, ela tinha certeza de que não saberia como aguentar. Chegou em casa e ao fechar a porta viu o primeiro bilhete grudado perto da fechadura. "Amanda acabou a ração da Doroty, deixei dinheiro em cima da tv. Compre pão, queijo, presunto e ração. Levei sua mãe ao médico, ela sentiu dores e acho que vamos demorar. Papai" Definitivamente ela não estava preparada. Ligou o som no volume 34, colocou o dvd do Zeca Baleiro e tomou um banho. A mãe dela ensinou que quando ficamos a sós em casa e principalmente no banho, as coisas costumam acontecer. O telefone toca, a campainha também toca e às vezes visitas indesejadas chegam. Amanda adorava os ensinamentos da mamãe. E ligar o som no volume alto é uma das coisas que mamãe ensinou: "Quem chegar e bater à porta desiste pois o som tá alto e quem está dentro não vai ouvir e não vai ser incomodado." Mas na casa de Amanda tinha uma campainha especial que acendia uma luz dentro de casa, assim ela podia abrir a porta pra sua mãe. Mamãe era sua melhor amiga e agora ia acontecer uma coisa que talvez acabasse com a amizade das duas.
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