A Última do Mario

Estou aqui em uruguay há um ano e dividindo apartamento há 5 meses. Divido apê com uma mina Uruguaya (Mariana) que é uma super louca. Sabe essas malucas que só não é hippie por quê toma banho? Mariana é uma dessas doidas que é contra o governo, contra o sistema, contra o capitalismo, contra o socialismo, contra o comunismo, cristianismo, budismo, hinduismo, contra tudo quanto é ismo, contra tudo! reclama de tudo e nada presta. Tudo está feito para o mal e todo aquele discurso de adolescente revoltado sem embasamento. Mariana tem uma gata que se chama Lucy in the Sky with Diamond. A porra da gata atende por Lucy, por Sky e por Diamond, é incrível. 
O Mario chama a gata de Lucyfer (quando Mariana não está).
O Mario é um colombiano que conheci quando morava num hostel.
(sem piadinhas sobre móveis, por favor)  
{até porquê no hostel não havia nenhum}
Quando chegou a alta temporada de turistas e viajantes, nós que morávamos no hostel, ficamos sem ter onde dormir. 
Um amigo do Mario (Colo, diminutivo de Colorado, que significa Ruivo, mas na verdade o cara se chama Luís) namora com Mariana e disse ao Mario que havia dois quartos livres no apê da Mariana pra alugar. Mario mandou um sms me dizendo isso e combinamos de dar uma olhada no apartamento. Quando chego no local combinado, Mario está cheio de mochilas e duas malas. Eu pergunto: 

- Mario pra quê isso tudo?
- Se o apê for bom eu já fico!


O apê era bom e estamos até hoje.  
A convivência com Mariana é outra história.  
Conto depois.
 

Montevideo 28 de Junho de 2010

Hoje acordei às 7.30 e decidi arrumar meu quarto fingindo que nada havia acontecido ontem. O quarto já estava numa situaçao que eu não conseguia encontrar uma meia e impossível de levar alguma mulher pra dormir comigo, já que eu estava dormindo por cima de roupas, folhas de caderno, livros, dvds e outras coisas. Depois de juntar 3 bolsas plásticas de lixo, saí do meu quarto e vejo um recado grudado na porta do banheiro: Max é a sua vez de lavar o banheiro. Antes preparo um cafézinho e vejo se o jogo do Brasil ia ser transmitido pelos canais abertos (o vizinho descobriu que a gente tava roubando a tv a cabo dele e ele cortou o "gato") o jogo não ia ser transmitido, então decidi ver os e-mail e a programação da cinemateca (é um grupo de cinema que só passa filmes não comerciais, por exemplo esse mês estão passando filmes de um diretor da Polonia o Andrzej Wajda). Como não ia dar tempo de ver o jogo do Brasil e ir ao cinema às 17 e faculdade deixei pra lá. Na internet recebi indicaçoes das bandas Fino Coletivo e ForróÇacana. Lavei o banheiro ouvindo forró e já que estava no clima resolvi lavar o fogão. Tava foda! Quando eu digo foda eu quero dizer que tava um nojo. Faltava pouco pra que aquela coisa criasse bicho. Não sei como eles cozinham. Antes que você pergunte, eu desistí de cozinhar. Sempre que cozinho eu lavo o que eu uso. Mas antes de cozinhar eu tenho que lavar o que vou precisar. Não me parece justo. Decidí deixar a coisa crescer pra ver até onde chega. Sem panela pra cozinhar foi comer no Ashot e pedi um Shawarman. Uma comida armênia com carne e outras coisas, bem gostoso. Depois fui na faculdade reservar o estudio de gravação pra começar um projeto. Uma idéia que eu tive quando estava lavando o banheiro. Mesmo sendo uma coisa simples e sem nenhum tipo de complicação o cara me pediu um projeto escrito. Saco da porra. Depois disso fui no Clube Brasileiro assistir o jogo. Lá encontrei com a Maude, uma garota de Montreal, Canada. Conversamos depois do jogo e voltei pra faculdade começar a escrever o projeto da idéia que tive no banheiro. No meio da segunda pagina parei pra escrever alguma coisa que não tenha nada a ver com a idéia. É que eu gosto de ser interrompido quando estou fazendo alguma coisa, assim eu concentro minha atenção na coisa que estou escrevendo e minha criatividade trabalha melhor quando eu tô fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo. Nem escrevi esse texto pra ser engraçado nem pra contar o que eu anod fazendo aqui no Uruguay. Foi mais pra desenvolver a idéia e os pensamentos que tive no banheiro.