Ao abrir a porta do quarto, viu sua mãe dormindo tranqüila e profundamente. Seu pai estava se barbeando para mais um dia de trabalho e Amanda ficou se perguntando onde estaria o bebê. Após várias tentativas de perguntas gestuais, Marcos mostrou o chaveiro do carro e a letra F. Alarme Falso. Amanda entendeu e foi se preparar para ir à "escola". Os pais de Amanda só descobriram que ela tinha problema de audição quando ela tinha 2 anos. Ela tinha 47% da audição e foi perdendo gradualmente, até que aos 11 anos passou a ouvir somente o silêncio. Dizem que quem perde alguma coisa, geralmente ganha outra. Mas Amanda não sabia desse dito popular e se soubesse discordaria. Na "escola", que na verdade era um centro de ensino para crianças especiais, ou excepcionais, Amanda achava aquelas crianças uns imbecis. Tudo bem que alguns realmente tinham dificuldades, mas ela achava que merecia algo melhor que aquilo, uma escola onde ela aprendesse alguma coisa e com pessoas iguais a ela. No intervalo pegou o saco da pipoca e nele escreveu: "Isso tudo é um". Saiu mais cedo da "escola"e andando pelo centro, olhava para os vendedores abrindo e fechando a boca, pessoas andando com caras feias (talvez devido ao sol que fazia), via pessoas na sombra conversando, pessoas com fones de ouvido, olhou o sino da igreja balançar e percebeu que estava na hora de ir para casa. Decidiu pegar um ônibus que parava mais longe de casa. E pela primeira vez, ela viu um grupo de pessoas gesticulando, conversando sem falar, se divertindo, pessoas iguais à ela, 3 meninas e 2 meninos no fundo do ônibus, Amanda decidiu se aproximar daquelas pessoas.
sábado, 15 de março de 2008
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